Top 10: Ervas

Penso  em ervas como penso em um perfume. Uma forma de acrescentar personalidade, charme e exalar aquele cheirinho hipnotizante aos pratos que preparamos. Assim como nós, todo o prato merece um toque especial, que vai diferenciá-lo de todos os outros. A principal diferença para mim é que, ao contrário de perfumes, não existe erva ruim. Não consigo imaginar uma pizza sem orégano, molho de tomate sem manjericão, vinagrete sem salsinha, uma bacalhoada sem louro, e assim por diante. E sempre brinco que mesmo que você não saiba cozinhar, existem dois ingredientes que salvam qualquer cozinheiro de um fiasco: manteiga e ervas. Não faz ideia como cozinhar um filé de peixe? Ponha manteiga e ervas, e tenho certeza que vai sair algo bom. Muito difícil errar usando esses dois ingredientes.

Com tantas ervas disponíveis, como saber quais as principais pra ter na despensa, ou no seu canteiro de ervas? Manjericão combina com bife? Alecrim combina com peixe? Posso usar mais de uma erva em um prato sem deixar os sabores confusos? Pra mim o uso de ervas sempre foi meio instintivo, ou no auto aprendizado mesmo. Botando a mão na massa é que a gente vai pegando o jeito no que vai bem com o que.  Como nem todos nós somos aventureiros, resolvi fazer um guia das minhas Top 10 ervas preferidas, e o jeito que gosto de usá-las. Prepare seu vasinho e vamos semear:

10) Capim-limão: chá de capim limão é uma delícia! Aliás, quem curte tomar chá, sabe como é grande a diferença entre um chá preparado com a folha e os sachês que vendem em supermercados. Com propriedades medicinais até dizer chega ( propriedades analgésicas, calmantes, anti-depressivas, bactericida, estimulante da circulação etc., etc.) e aquele cheirinho docinho de limão, capim limão é tudo de bom. Além de chás, é bastante utilizado na culinária asiática (especialmente na tailandesa), dando um toque aromático a pratos interessantes e exóticos.

9) Louro/Endro (dill): nunca plantei louro, pois quase sempre uso a versão seca, que é ótima. Gosto da versatilidade dele, pois pode ser usado em pratos bem rústicos ou mais sofisticados. Experimente colocar em feijão ou lentilhas, caldos e sopas (é o segredo da minha sopa francesa de cebola). Se for preparar bacalhoada não esqueca das folhinhas de louro./Adoro endro, é a erva perfeita para servir com salmão e outros peixes, mas tenho muita dificuldade de encontrá-la quando vou ao Brasil. Seu sabor é delicado e sofisticado e creminhos a base de endro como esse aqui são ótimas opções para uma entradinha rápida e elegante. Se encontrar sementinhas de endro pra vender, compre e comece a plantar. A folhinha é linda e você vai viciar nela! 

8) Hortelã: quando pequena  adorava ir no jardim olhar as ervas lá de casa, a que eu mais gostava de cheirar era hortelã, pois tinha cheiro de bala! Adorava quando minha mãe fazia chá de hortelã fresco. Além de ótimo para chás, hortelã é a estrela de muitos pratos do oriente médio, principalmente na cozinha árabe. Hortelã tempera tanto o quibe quanto o tabule, e vários molhos de iogurte. Na cozinha grega vemos muitas saladas com a combinação de tomates, azeitonas pretas, pepino, queijo feta e um punhado de hortelã. Refrecante, saudável e delicioso!

7) Alecrim: alecrim dourado, que nasceu no campo sem ser semeado...sempre lembro dessa música quando ouço falar em alecrim. Ainda mais agora, que onde moro,  faz parte da vegetação local, nunca vi tanto arbusto de alecrim na vida! Adoro o cheiro forte e rústico e acho lindas as folhas pontudas e fininhas. O alecrim não funciona muito bem em saladas, mas é ótimo para temperar carnes. Carne de porco e frango temperados com alecrim fica um escândalo, uso muito alecrim em molhos rústicos ou uma pitadinha no risoto ao funghi para dar um tom de mistério. Batatas assadas com um fio de azeite e alecrim perfumam a casa e todo mundo adora! Muito cuidado ao usar alecrim, vá aos pouquinhos até encontrar uma quantidade de lhe agrade. O gosto forte do alecrim pode incomodar algumas pessoas.  Pode ser usado fresco ou seco e a folhinha fresca resiste à altas temperaturas

6) Cebolinha: não é uma graça uma folha de cebolinha? Bem fininha, é ótima para decorar, e dar aquele sabor suave de cebola nos pratos. Uma ótima alternativa para você que gosta de cebola crua, mas não quer sofrer com o ingrato efeito da cebola no hálito. Uso muito em ovos (omeletes ou ovos mexidos), em saladas e batatas (adoro colocar em purê de batata). A cebolinha não é muito resistente ao calor, portanto use apenas na finalização dos pratos e fresca, sempre!

 5) Coentro: para mim coentro tem cheiro de festa! Adoro picar coentro, pois  aquele cheirão refrescante e aceso imediatamente atencipa: lá vem comida boa! Não tem lugar comum com o coentro. Em pratos indianos ou tailandeses, na comida mexicana, no simpático ceviche ou na nossa moqueca querida, coentro é pura alegria. Um fato interessante sobre o coentro: existe uma percentagem da população que detesta coentro. Suas papilas gustativas reconhecem o gosto de coentro como se fosse sabão e não tem jeito de encarar. Morro de pena! Existem dois tipos de coentro: a semente, que vende moída ou inteira, e as folhas. O gosto é completamente diferente e um não substitui o outro.

4) Tomilho: acho uma graça as folhas pequeninas do tomilho, e a melhor parte: são tão pequenas que nem precisa picar. Um dos principais componentes da mistura francesa ervas de Provence, o gosto suave e sofisticado do tomilho fica ótimo em peixes e aves. Uso muito na preparação de ensopados, para temperar o frango grelhado de cada dia (gosto muito de marinar os peitos de frango em alho, tomilho, limão siciliano e azeite), em alguns molhos, etc. O sabor da erva se mantém em altas temperaturas e tomilho é uma das poucas ervas onde a versão seca funciona bem.

3) Orégano: arriscaria dizer que toda cozinha tem um vidrinho de orégano, pimenta e sal. No caso dele, não se preocupe em plantar no jardim, a não ser que você curta e tenha espaço de sobra. Eu tenho orégano na minha hortinha, mas uso muito pouco. A versão fresca é muito forte e não tem o mesmo gosto da versão seca. Use à vontade em tomates, na beringela e abobrinha, e no churrascão de domingo, tem que ter pão com alho e orégano. Geralmente não uso orégano para temperar carnes, mas tem gente que gosta de usar no frango ou no peixe.

2) Manjericão: não consigo não suspirar quando pego um punhado de manjericão do pé e imediatamente sinto seu aroma. Manjericão é bem fácil né? Combinado com qualquer tipo de tomate (molho, salada caprese, na pizza margherita) e na culinária italiana de modo geral, não consigo imaginar a vida sem meu pé de manjericão. Parece dramático, eu sei, mas uso manjericão em saladas, na comida tailandesa, em sopas, pra fazer pesto (uma das minhas comidas preferidas) e até em sobremesas e cocktails! Uma mimosa com morangos e manjericão dá aquela levantada absurda na bebida. Mas sem exageros: manjericão não fica legal temperando carne vermelha ou de porco. Use apenas fresco. Sua versão seca perde todo o aroma e sabor.

1) Salsinha: escolhi salsinha como numero um, não necessariamente por ser minha preferida, mas por ser a que eu mais uso. Sinto um pouco de pena da pobre salsinha. Sempre foi conotada como o verdinho da coxinha, que a criança não come nem sob tortura. Muita gente pensa nela só como decoração, ou como uma erva sem emoção, mas salsinha pra mim é que nem o pretinho básico. Toda cozinha tem que ter. De sabor refrescante, levemente adocicado, fica bem em saladas, massas, caldos e sopas, refogados, ela está sempre lá. Os franceses gostam de fazer uma pasta de salsinha, alho e azeite, para temperar carnes, ou até passar na torrada.  Penso muito nela como a erva de acabamento, uma salpicada legal de salsinha acende qualquer prato chinfrim. Plante no jardim, pois a erva seca vendida no supermercado não está com nada.